AF Notícias/Com informções do G1

Gravações telefônicas autorizadas pela justiça revelam que os ataques aos ônibus em Palmas e Araguaína (TO) foi ordenado de dentro dos presídios como "resposta" a supostas opressões aos detentos no Presídio Barra da Grota. As ações criminosas aconteceram no final de fevereiro e início do mês de março.

- "Ei irmão, é o seguinte: nossos irmãos lá no Barra [Presídio Barra da Grota, em Araguaína] estão sendo oprimidos. Aí nós vamos tocar fogo num baú. O senhor vai só pilotar, o molequinho vai fazer a ação", diz Nataniel Silva de Oliveira, que estava preso na Casa de Prisão Provisória de Palmas. No diálogo, Marlon Pereira de Sousa, que estava em liberdade, confirma e aceita a ordem. "Pode crer".

Cumprindo a determinação, em Palmas, foram três ataques em um único fim de semana. Em Araguaína, também três ônibus foram queimados em uma mesma noite. Cerca de 15 homens armados e encapuzados invadiram a garagem da Viação Lontra e atearam fogo em dois veículos. Momentos depois, outro ônibus foi queimado próximo ao estádio Mirandão. Os criminosos ainda deixaram o símbolo "CV", que significa Comando Vermelho.

Para executar a ação, os criminosos recrutaram vários comparsas.

- "Aí mano, estamos precisando de uns irmãos aí fora para bater o terror. Tem uns irmãos nosso, lá em cima sendo oprimidos pelo verme no isolamento. Precisamos fazer alguma coisa. Um salve dos irmãos lá de cima para todos os estados. Um salve é parar o busão, descer todo mundo, sem roubar ninguém, sem machucar ninguém. Depois, meter gasolina, meter fogo e uma pequena frase para o motorista".

A expressão "verme" se refere aos policiais responsáveis pela segurança nos presídios. Em cada ataque, um bilhete era deixado aos motoristas com a seguinte frase: "Isso é pelas opressões nos presídios do estado do Tocantins. Se não parar, vai ter mais".

Segundo a delegada de Polícia Civil Liliane Albuquerque, o pessoal de dentro do presídio recruta o pessoal da cidade e eles fazem a queima dos ônibus. Mensagens de texto nos aparelhos celulares dos suspeitos confirmaram que o objetivo do grupo era ajudar os outros membros da facção.

O resultado das investigações deixa claro que facções criminosas no Tocantins comandam crimes de dento dos presídios. "As investigações são difíceis, são complexas. Mas a existência deles no nosso estado está comprovada", afirmou a delegada.

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