O escândalo envolvendo os desvios do dinheiro do Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins (Igeprev) foi repercutido nessa segunda-feira (1º) pela Revista Época. A reportagem deu destaque para as investigações da Polícia Federal que investiga as aplicações em fundos sem liquidez. Entre 2011 e 2014, o esquema pode ter gerado prejuízo de R$ 1 bilhão ao fundo dos aposentados do Estado.

A reportagem mostra que as investigações da PF podem ajudar a desvendar um esquema milionário de lavagem de dinheiro em fundos podres por todo o país. Mais de R$ 1 bilhão “investido” em fundos — sem qualquer solidez e liquidez — está sendo rastreado pelos investigadores. Desvendado pela Operação Miqueias da Policia Federal em 2013, o esquema foi usado por políticos e empresários para ocultar dinheiro de corrupção, segundo as autoridades.

Conforme apurou a revista, junto ao Ministério Público do Tocantins, já foram "bloqueados R$ 250,8 milhões em bens de ex-gestores e empresas, responsáveis pela aplicação de recursos da previdência em fundos irregulares". As investigações são fruto da Operação Miqueias, da Policia Federal, deflagrada em 2013, em que apura o esquema usado por políticos e empresários para ocultar dinheiro de corrupção.

A reportagem mostra também a sindicância interna do Igeprev, que "revela que o Instituto fez investimentos nos fundos sem qualquer análise de risco e fora dos limites permitidos por lei, além da concentração de recursos em fundos do mesmo grupo econômico, a BFG Porcão". Nos exercícios financeiros de 2011 a 2014, os gestores movimentaram os ativos de toda a Carteira de Investimentos dos recursos do Igeprev-TO, que representaram R$ 3.350.554.087,93.

O documento aponta que 34 fundos eram irregulares. Dentre eles, seis eram fundos de investimento alvo das investigações que levaram a PF a deflagar a Operação Miquéias em 2013: Adinvest Top, FI Diferencial, Fidc Trendbank Fomento Multisetorial, Vitória Régia, Patriarca Private. Três ex-presidentes do Instituto já respondem pelas irregularidades na Justiça. Também são réus em todas as ações e tiveram bens bloqueados nas oito liminares o ex-presidente do Conselho de Administração do Igeprev e atual deputado estadual José Eduardo Siqueira Campos (PTB), filho do ex-governador Siqueira Campos.

O relatório também detalha os investimentos do Igeprev no fundo Viaja Brasil, que tinha como um dos principais investidores o doleiro Alberto Youssef, preso pela Operação Lava Jato. Juntos, os dois investidores respondiam por 85,4% do capital votante. Em 2013, o Igeprev investiu 13 milhões de reais no fundo. "Em síntese, tudo indica que os 13 milhões de reais, livres e disponíveis no caixa do Igeprev-TO, foram retirados pelos gestores a época e alocados a esse fundo, não com a finalidade de dar rentabilidade ao investidor, no caso o Igeprev, mas sim com o intuito de favorecer outros interesses, visto que não há registro de nenhuma prática cuidadosa que poderia ter mitigado o risco".

A Comissão de Sindicância comprovou que "os então gestores compraram e venderam títulos públicos com os piores preços do dia, ou seja, comprando pelo valor maior do mercado e vendendo pelo menor do mercado, o que sugere conduta ilícita no intuito de obtenção de vantagem própria ou para terceiro". No total, o MPE já ajuizou 10 ações civis públicas, que visam penalizar os responsáveis pelos investimentos e ressarcir aos cofres públicos.