AF Notícias

Vazou mais um capítulo do suposto esquema que tentou fraudar o Programa Minha Casa Minha Vida, em Araguaína (TO). Segundo informações, servidores da própria Secretaria de Habitação cobravam cerca de R$ 5 mil como "taxa" para aquisição dos imóveis referentes às 200 unidades habitacionais destinadas a pessoas que moram em áreas de risco.

Como o esquema foi descoberto no início do ano, os compradores foram excluídos da lista de beneficiários e agora querem o dinheiro de volta.

AF Notícias teve acesso a um áudio onde a assistente social Silvânia Bessa, pivô do suposto esquema, conversa com outro servidor, identificado apenas como Jorge, relatando que a "situação está muito séria com relação aquele assunto".

Bessa trabalhava no Município desde 2013 e foi exonerada em março deste ano. Na gravação, a ex-servidora confessa que "o erro foi cometido", mas afirma que "o que foi feito, foi feito!".

Ex-servidor "injustiçado"

No áudio, a assistente social diz que está sendo "pressionada" pelas pessoas que compraram as casas e pede que o vereador de oposição Batista Capixaba ajude o servidor Jorge que, segundo ela, "é a única pessoa que está sendo injustiçada". Jorge também foi demitido após o esquema ser descoberto.

"Jorge, a situação tá muito séria. A gente tá tentando resolver de algumas formas. As pessoas que compraram as casas estão em cima de mim e eu tive que buscar recursos, entendeu? Ontem eu tive com o Capixaba e ele me perguntou: você conhece o Jorge? Falei: conheço e gosto muito dele, não me pede para falar nada sobre ele. É a única pessoa que foi injustiça por tudo isso que aconteceu. Eu gosto dele e se eu puder defender, eu defendo, principalmente contra o Ronaldo, porque fez isso com ele" (sic), relata Silvânia Bessa, no áudio.

Ainda na gravação, a assistente social conta que orientou o vereador a trazer Jorge para o seu lado, caso pretenda ser reeleito.  "Ajude o menino! Ele perdeu o emprego dele por consequências de erros que nós cometemos. Se tiver que ajudar alguém, ajude ele. Não precisa me ajudar”, completa.

Resolver o problema

Ainda conforme a gravação, a assistente reclama que os outros servidores supostamente envolvidos no esquema sumiram e não estão "fazendo nada" para resolver o problema. "Eu que tô botando a minha cara junto a essas pessoas, que tem muitos que são bandidos, para tentar resolver essa situação” (sic), diz.

Silvania Bessa afirma ainda que se for preciso, irá procurar a Polícia Federal, mas não citará o nome de Jorge. “Se for citado, será pela injustiça que fizeram com ele”, afirma. E acrescenta: “você, meu amigo, pode ficar tranquilo, ninguém vai mexer contigo”.  

"Botar Ronaldo Dimas no pau"

Para defender o amigo, Silvânia Bessa promete inclusive "botar Ronaldo Dimas no pau". "Eu vou botar, principalmente pela injustiça que ele fez contigo”, garante, referindo-se à demissão.

Depoimento à Polícia Federal

No último dia 19 de abril, a assistente social Silvânia Bessa prestou depoimento à Polícia Federal e confessou que 36 casas foram vendidas a R$ 5 mil, cada uma, e que ela mesma ficou responsável por arrecadar o dinheiro em envelopes. A ex-servidora afirmou também que o prefeito Ronaldo Dimas sabia do esquema e ainda teria autorizado os vereadores a indicarem pessoas para completar as 200 casas destinadas às áreas de riscos, mesmo sem atender os critérios. Silvânia Bessa não citou o nome de Jorge no depoimento, como prometido.