Fernando Almeida/Araguaína Notícias

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) denunciou no início da semana a onda de violência contra camponeses no Tocantins, motivada por conflitos agrários. Segundo a Instituição, somente nos últimos três meses, cinco comunidades da zona rural, localizadas no Norte do Estado, foram alvos de ataques de pistoleiros.  

O caso mais recente registrado pela CPT foi no último dia 18, no assentamento Capela, localizado no Município de Piraquê. No ataque, um jovem de 17 anos levou um tiro em um dedo da mão esquerda que acabou decepado pela bala. Os relatos são de que três pistoleiros, fortemente armados, chegaram ao local e após balear o rapaz, ameaçou matar todos, caso mantivessem a ocupação da área.

No último dia 15 de julho o alvo dos pistoleiros foi o assentamento Tuburão, localizado numa área do Governo Federal, no município de Wanderlândia. A CTP informou que o local foi invadido por um grupo de homens encapuzados e armados, que usaram de violência brutal para retirar as famílias do assentamento.  

De acordo a com a CTP,  o grupo de pistoleiros  chegou ao local por volta das 15h00, ateou fogo em seis barracos, efetuou disparos de arma de fogo contra os camponeses e amarraram cinco deles. “ Finalmente obrigaram as famílias a saírem da área usando agressões físicas e ameaças psicológicas,” diz a nota.

Os casos de violência foram denunciados à Delegacia Estadual de Repressão a Conflitos Agrários (Derca), que de acordo a com CTP,  informou apenas que enviou três agentes para averiguar a situação na região.

No mês de junho, outros dois grupos, em Carrasco Bonito e Boqueirão, sofreram o mesmo processo de violência, com pistoleiros atacando o acampamento, fazendo ameaças e praticando barbaridades contra as famílias.

Na sexta-feira 8 de julho, o Sr Genivaldo Braz, uma liderança da ocupação Gurgueia, em Araguaína, foi assassinado enquanto dormia em seu barraco. Este trabalhador - bem como outras lideranças da comunidade - vinha sofrendo ameaças há vários meses. O crime está sendo investigado pela Polícia Civil.

No mês de maio o ataque ocorreu no munícipio de Santa Fé, num acampamento localizado próximo a uma fazenda.  Na ocasião, segundo a CTP,  ‘bárbara agressão’  aos camponeses foi praticada a mando do dono da fazenda.  “Pistoleiros encapuzados adentraram  [ao acampamento]efetuando disparos, ameaçaram as famílias e agrediram a pauladas quatro lideranças do grupo.”

A CTP informou que ao menos quatro destas áreas de conflitos (Tubarão, Carrasco Bonito, Gurgueia e Boqueirão) tratam-se de terras que pertencem ao patrimônio da União. E alertou  sobre uma reunião ocorrida no fim de junho no município de Carrasco Bonito com mais de 50 pessoas, dentre elas fazendeiros e pistoleiros de cidades do Bico do Papagaio. E o proposito seria articular uma força tarefa famílias sem terras daquela região.