Fernando Almeida e Ramila Macedo

Em entrevista coletiva concedida às 10h30 deste sábado, 18, na sede da Polícia Federal de Araguaína, o delegado Omar Peplow  deu detalhes da operação Éskhara que combateu  a maior fraude já sofrida pela Caixa Econômica Federal. Segundo a PF, o gerente da Caixa agência da Caixa no município de Tocantinópolis, foi preso em 22 de dezembro de 2013 por pagar no dia 5 do mesmo mês um falso prêmio da Mega Sena no valor de 73 milhões de reais.

Segundo a Polícia Federal, a organização criminosa responsável pelo golpe de 73 milhões, o  maior da história da Caixa Econômica Federal, é composta por integrantes de 3 estados brasileiros: Maranhão, Goiás e São Paulo. Sendo que a mesma veio ao Tocantins e conseguiu aliciar o gerente  geral da agência de Tocantinopolis a participar do esquema, conforme a PF.

A falsificação de documento

Ainda segundo a PF, um suplente de deputado federal do Maranhão foi responsável por apresentar a documentação para abertura de uma conta, cujo proprietário é uma pessoa fictícia.  Já o papel do gerente geral, segundo a PF, foi de usar sua senha da conta nacional da Caixa, exclusiva para pagamentos de prêmio, para transferir o suposto prêmio da Mega Sena para o falso ganhador, em 5 de dezembro de 2013.   “O bilhete tem uma validação em São Paulo, essa etapa não existiu. O gerente fez a transferência sem prestar conta.” Explicou o delgado da Omar Peplow, responsável pela investigação no Tocantins.

Identificação dos suspeitos

A Polícia Federal não divulgou os nomes, mas segundo apurado pelo Araguaína Notícias, o gerente geral da agência da Caixa emTocantinópolis (TO) se chama Robson Pereira da Silva. Já o suplente de deputado federal pelo Maranhão se trata Ernesto Vieira de Carvalho (PMDB), da cidade de Estreito no Maranhão.  Segundo a PF, o gerente que está na Casa de Prisão Provisória de Araguaína, disse em depoimento que foi uma vítima, que encaminhou a documentação para a Caixa em São Paulo, via malote.  Já suplente de deputado está em liberdade, mas já tem um Mandado de prisão em aberto contra ele.

Pulverização do dinheiro

Ainda segundo delegado  Omar Peplow, a Polícia Federal já recuperou 70% do valor desviado, aproximadamente 51,1 milhões, que estavam em diferentes contas em três estados: Maranhão, Goiás e Ceará.  Ainda conforme a PF, a transferência dos 73 milhões foi realizada pelo gerente de Tocantinopolis diretamente na falsa conta e depois trasnferedo para outras contas sendo que uma recebeu 42 milões e outra 13 milhões. Logo em seguida foi pulverizada para contas menores. Segundo o delegado isso dificulta o trabalho da PF, mas já foram tomadas todas as medidas com a finalidade de recuperar o montante e devolvê-lo à CEF.  “É possível fazer rastreamento do dinheiro, já teve quebra de sigilo bancário dos envolvidos.”

Membros e penas

A PF já identificou  membros da organização criminosa em Goiás, pois eles já compraram 7 carros  zero KM em Goiânia e imóveis.  Todos já foram bloqueados e os envolvidos em primeiro nível, chefes da organização, responderão por  Peculato, Receptação Qualificada, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. As penas somadas podem chegar até 29 anos de prisão. Ainda existem 5 mandados de prisão em aberto.  “Com a identificação dos outros suspeitos, nas próximas horas outras pessoas serão presas,” afirmou o delegado.

A operação

A operação foi batizada de Éskhara e 65 policiais da Polícia Federal estão participando nos estados do Tocantins, Goiás, Maranhão e São Paulo. O delegado informou ainda que os trabalhos continuam e nas próximas horas poderão surgir outras prisões. A PF com o apoio do Ministério Público Federal (MPF) desencadeou na manhã de hoje (18), 05 mandados de prisão preventiva, 10 mandados de busca e apreensão e 01 mandado de condução coersiva (quando o suspeito é obrigado a prestar depoimento na delegacia), em Goiás, Maranhão e São Paulo.

O quarto golpe

Ainda segundo o delegado Omar Peplow, a informação é que este foi o 4º golpe já registrado na Caixa desse tipo, mas o foi o maior rombo da história da instituição. Em nota, a Caixa Econômica Federal informou que acionou a Polícia logo que constatou a fraude. E que o banco continua  acompanhando o caso e está à disposição da PF para colaborar com as investigações.